30 de agosto de 2003

LONGE DAQUI
Ao ler alguns blogues em português escritos a milhares de quilómetros de Lisboa, sinto vontade de não estar aqui, neste momento. O contrário de quando estava longe e vivia sedento da minha língua; daquela fantasia modesta que faz de nós portugueses; saudades dos nossos Jerónimos do tamanho de Legos, mas rendilhados e feitos em memória de viagens que ainda hoje nos assombram. Lembro-me de ter sobrevoado o Índico, há uns anos atrás, enquanto por baixo rebentava uma tempestade violenta. Nessa altura pensei nos homens que 500 anos antes tinham passado por ali, abraçados a barquinhos de brincar, carrapatos sobre o dorso do bicho-oceano.
Esta noite, queria estar a amar o meu país de longe; de onde o pudesse ver por inteiro; de uma plataforma que reduzisse as pequenas maldades à sua condição de coisa-quase-nenhuma.
Se amanhã estivesse de volta, gostaria de partir esta noite para longe daqui.
Não sei se me percebem...

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